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Foto do escritorTamires Oliveira

Doença inflamatória intestinal: entendendo as variantes genéticas de risco e caminhos para o tratamento

A Doença Inflamatória Intestinal (DII) abrange condições crônicas como a Doença de Crohn (DC) e a Retocolite Ulcerativa (RCU), que afetam milhões de pessoas no mundo. Apesar de fatores ambientais como dieta, microbiota intestinal e estilo de vida influenciarem sua ocorrência, a predisposição genética desempenha um papel crucial.

Genes Associados à Doença Inflamatória Intestinal

Diversos estudos genéticos identificaram variantes de risco em genes específicos que contribuem para a suscetibilidade à DII. Abaixo, destacamos os principais genes e suas implicações:

1. PSMG1

Este gene está envolvido na biogênese do proteassoma, um complexo responsável pela degradação de proteínas. Variantes de risco no PSMG1 podem comprometer a eliminação de proteínas malformadas ou danificadas, resultando em acúmulo tóxico que agrava a inflamação intestinal.

2. RNF186

O gene RNF186 regula a resposta ao estresse do retículo endoplasmático e a apoptose celular. Mutantes desse gene podem aumentar a morte celular descontrolada, contribuindo para danos à barreira intestinal e ativação imune exacerbada.

3. IL19

Como membro da família de interleucinas, IL19 modula respostas inflamatórias. Alterações neste gene podem amplificar a liberação de citocinas pró-inflamatórias, perpetuando um ciclo de inflamação crônica no intestino.

4. TTPAL

Relacionado ao metabolismo do tocoferol (vitamina E), o gene TTPAL pode influenciar os níveis antioxidantes. Variantes de risco podem reduzir a proteção contra o estresse oxidativo, agravando os danos teciduais.

5. ADO

ADO desempenha papel na regulação do oxigênio celular. Suas variantes podem intensificar a hipoxia (falta de oxigênio) em tecidos inflamados, exacerbando o processo inflamatório.

6. NOD2

O gene NOD2 é um dos mais bem estudados na DII, especialmente na Doença de Crohn. Ele codifica um receptor que reconhece peptídeos bacterianos. Alterações em NOD2 prejudicam a detecção de patógenos, alterando a interação entre o sistema imunológico e a microbiota intestinal.

7. TNFAIP3

Também conhecido como A20, TNFAIP3 regula a resposta inflamatória mediada pelo TNF-α. Variantes que reduzem sua função podem levar à inflamação incontrolada, característica central da DII.

8. LINGO4

Este gene está associado à diferenciação de células imunes. Variantes podem desregular os processos de maturação celular, contribuindo para a resposta imune inadequada na mucosa intestinal.

9. TYK2

TYK2 participa da sinalização de citocinas envolvidas na imunidade inata e adaptativa. Mutantes neste gene podem alterar vias de resposta imune, favorecendo a inflamação persistente.

10. ZBTB40

Embora sua função não esteja completamente elucidada, variantes em ZBTB40 foram associadas a alterações no controle genético de inflamações crônicas, possivelmente mediando a atividade de fatores de transcrição.

11. PEX13

Este gene está relacionado à biogênese de peroxissomos, organelas essenciais para o metabolismo lipídico e o controle do estresse oxidativo. Disfunções em PEX13 podem exacerbar a inflamação por mecanismos oxidativos.

Como as Variantes de Risco Contribuem para a DII?

As variantes genéticas associadas à DII desempenham papéis interconectados nos seguintes processos:

  • Barreira Intestinal Fragilizada: Genes como RNF186 e NOD2 afetam a integridade epitelial, permitindo a entrada de microrganismos e desencadeando respostas inflamatórias.

  • Respostas Imunológicas Exacerbadas: Genes como IL19, TNFAIP3 e TYK2 regulam a liberação de citocinas e a ativação de células imunes. Alterações nessas vias levam a uma inflamação descontrolada.

  • Estresse Oxidativo e Celular: Genes como TTPAL e PEX13 influenciam o equilíbrio redox e a defesa contra danos oxidativos. Variantes que comprometem esses mecanismos intensificam lesões teciduais.

  • Microbiota Intestinal Alterada: Mutantes em NOD2 impactam o reconhecimento microbiano, favorecendo o desequilíbrio na microbiota (disbiose) e a ativação imune crônica.

Tratamento e Manejo

O manejo da DII envolve uma combinação de abordagens personalizadas:

1. Tratamento Medicamentoso

  • Moduladores Imunes: Como azatioprina e metotrexato, são usados para regular a resposta imunológica.

  • Biológicos: Terapias como infliximabe (anti-TNF) e ustekinumabe (anti-IL12/IL23) têm como alvo citocinas específicas.

  • Novos Alvos Genéticos: Estudos estão explorando terapias gênicas e medicamentos que modulam genes como NOD2 e TNFAIP3.

2. Dieta e Microbioma

  • Dietas Personalizadas: Dietas específicas (como a dieta pobre em FODMAPs) ajudam a reduzir a inflamação intestinal.

  • Probióticos e Prébióticos: Auxiliam na modulação da microbiota, potencialmente reduzindo a inflamação.

3. Terapias Antioxidantes

  • Suplementação de Vitamina E: Genes como TTPAL indicam benefícios no uso de antioxidantes para combater o estresse oxidativo.

4. Terapias Futuras

  • Edição Gênica: Ferramentas como CRISPR estão sendo investigadas para corrigir mutações em genes de risco.

  • Medicina de Precisão: Integração de informações genéticas para desenvolver tratamentos personalizados.

A compreensão das variantes genéticas associadas à DII, como as presentes em PSMG1, RNF186, IL19, e outros, abre caminho para uma abordagem mais direcionada no manejo da doença. O futuro do tratamento da DII depende da integração da genética com terapias personalizadas, garantindo uma melhor qualidade de vida para os pacientes.



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